É bastante comum encontrarmos críticas ao conceito de planejamento estratégico, sob o argumento de que poucas vezes ele é considerado no processo de tomada de decisão do dia a dia corporativo.
Como consequência, constata-se que, ao final de um determinado período, existe um enorme abismo separando os objetivos previstos e as situações resultantes das ações empreendidas.
Isso faz com que os “planejamentos estratégicos” sejam considerados por muitos como “peças de ficção”, enquanto alguns outros o tenham como produto totalmente descartável. E os argumentos são muitos. Infelizmente.
É válido afirmar que esse descompasso entre planejamento e resultado obtido é agravado, em grande parte, na medida em que a velocidade das transformações é acelerada.
Mais: a instabilidade social, econômica e política potencializa de forma significativa a incerteza a respeito do cenário em que viveremos os próximos meses.
Estes fatores, no entanto, não desqualificam o planejamento. Pelo contrário. Apenas recomendam maiores cuidados e sensibilidade mais afinada para identificar cenários futuros possíveis e estabelecer ações condizentes com o ambiente para o alcance dos objetivos definidos.
Em um exercício prático, pode-se buscar identificar a quantidade de diretrizes estratégicas que mereceriam ser atualizadas ao longo de um ano, em razão de alterações no cenário ou até mesmo em função de reposicionamento da organização frente a determinadas situações imprevistas, surgidas no decorrer da implementação do plano.
Naturalmente, a quantidade de reposicionamentos será função da estabilidade do mercado, da concorrência e até mesmo do segmento da economia sob análise.
Neste ponto, é interessante considerarmos:
a) a dificuldade de se estabelecer, neste momento, com segurança, cenário para os próximos 6 meses, 1 ano ou até mesmo 2 anos;
b) a necessidade de se verificar, constantemente, a necessidade de ajustes nas ações implementadas ou até mesmo nos objetivos fixados;
c) a importância da articulação, coordenação e harmonia entre as ações empreendias pela organização, voltadas, todas e a todo momento, para o alcance dos objetivos fixados.
Ou seja, principalmente em momentos de instabilidade, o planejamento se constitui em peça imprescindível para a gestão qualificada das organizações e, mais do que isso, deve ser colocado em prática durante todo o exercício, de forma a permitir que as mudanças de cenário sejam tempestivamente percebidas e absorvidas pela estratégica definida, possibilitando ajustes maiores ou menores nas ações decorrentes.
A proposta que se afirma aqui seria a de trabalharmos com o conceito de “Comportamento Estratégico”, que representa uma ação contínua de decisões voltadas para o cumprimento de objetivos estratégicos, fundamentada nas seguintes principais características:
a) definição de indicadores que deverão sinalizar necessidade de ajustes ou manutenção das diretrizes estabelecidas;
b) permanente análise das tendências de transformação do cenário, sob as perspectivas econômica, sociais e políticas;
c) permanente avaliação das expectativas dos stakeholders, do mercado e das forças da concorrência e de competitividade, também com o objetivo de detectar necessidade de atualização da postura estratégica;
d) permanente discussão interna para avaliação das diretrizes estabelecidas, da implementação das ações e dos resultados obtidos;
e) vinculação das principais decisões às diretrizes definidas, com registro, sempre que possível, de indicadores de sucesso dos resultados alcançados.
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Obrigado e grande abraço.
Autor: Luiz Felix
(julho de 2017)