PESSOAS E ORGANIZAÇÕES

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Certa vez, em uma época em que não existiam internet, smartphones e outras tecnologias que hoje nos mantêm interconectados em tempo integral, ouvi alguém dizer que as empresas deixavam de existir nos finais de semana. Sinceramente, não consigo me lembrar o nome de quem fez tal afirmação ou mesmo as circunstâncias em que ela ocorreu. Entretanto, este conceito nunca mais saiu de minha mente e, progressivamente, fui podendo constatar sua veracidade, mesmo com o advento das modernidades que foram sendo incorporadas ao nosso dia a dia.

Mesas, cadeiras, computadores, arquivos ou quaisquer outros bens tangíveis que ficam fechados nos prédios não constituem, verdadeiramente, a essência e a alma das organizações. Aceitar tal concepção seria considerar que as instituições, desde que tivessem a mesma disponibilidade de bens materiais, seriam todas muito parecidas, com pouca individualidade, apresentando desempenhos semelhantes.

O que faria, então, estruturas por vezes tão similares terem performances tão diferentes?

O que, de fato, diferencia as organizações é sua capacidade de reagir a estímulos externos e internos e de responder adequada e tempestivamente a eles. E isso só se mostra possível com o pleno e eficaz emprego das competências de seu pessoal. A ação das pessoas, de seus conhecimentos, habilidades e atitudes, é que faz a diferença.

Neste sentido, desde fins da década de 50 do século passado, com a proposição da Hierarquia das Necessidades de Maslow, passando pelas teorias mecanicista X e participativa Y, pelos programas de Qualidade e chegando a Peter Drucker e Philip Kotler – dois dos quatro maiores gurus de negócios do mundo, segundo o jornal inglês Financial Times -, vários estudiosos tentam compreender a motivação humana ao trabalho e os fatores essenciais à liderança.

O que se pode observar mais frequentemente é que organizações longevas e bem-sucedidas, que alcançam seus objetivos estratégicos, contam com clima organizacional favorável e adotam abordagens mais descritivas e menos prescritivas para seu pessoal. Ou, indo direto ao ponto, tais equipes têm conhecimento de onde é preciso chegar e, a partir deste entendimento, analisam como podem e como devem contribuir, comprometendo-se com o alcance dos objetivos.

Aqui vale lembrar um antigo vídeo do Professor Marins, intitulado Descomplicando o Marketing, onde ele propõe que Pessoas Jurídicas deveriam ser consideradas “Ficções Jurídicas” por seus fornecedores. Ou seja, um fornecedor de bens ou serviços não deveria considerar como o seu cliente a “Empresa A” ou a “Empresa B”, de forma burocrática, fria e impessoal. Para alcançar o sucesso, dizia o Mestre, o fornecedor deveria enxergar como seu cliente o “Sr. Manoel, da Empresa A” ou “Sra. Maria, da Empresa B”. Pessoas por trás do CNPJ.

A mensagem implícita neste contexto, proposto pelo ilustre professor, é de que cadeiras, mesas, computadores ou arquivos não decidem. São apenas meios utilizados pelas organizações para o seu funcionamento. Os que, de fato, definem rumos, formam opinião e tomam decisões são aqueles que ocupam a estrutura funcional e aos quais deve ser direcionada a devida atenção.

O mesmo raciocínio aplicado ao relacionamento cliente-fornecedor, no âmbito externo, pode e deve ser usado na gestão interna das organizações. Sem entrar no mérito do quão fácil ou difícil seria reproduzir desempenhos de sucesso, se estes decorressem apenas de um conjunto de bens materiais, o fato é que as pessoas, verdadeiramente, constituem as organizações e fazem a significativa diferença entre obter ou não êxito nos propósitos que se deseja alcançar.

Aprofundando um pouco mais esta visão, poderíamos dizer que não basta à organização dar foco apenas a aspectos quantitativos e qualitativos de seu quadro de pessoal. Tais cuidados, embora necessários, talvez sejam suficientes para a gestão de máquinas e equipamentos. Para estes, basta definir a quantidade e modelo de que se precisa e pronto, requisitos atendidos! Para que colaboradores, em dotação adequada e qualificação compatível, produzam os melhores resultados, é necessário que estejam motivados, compreendendo onde e porque alcançar determinados indicadores de desempenho.

No mundo esportivo, a motivação e o foco da equipe no objetivo pode explicar, por exemplo, a razão de um time de futebol, perdendo o jogo e ao ter um jogador injustamente expulso pelo juiz, motivar-se a ponto de jogar muito melhor e conseguir até mesmo ganhar o jogo. Ainda que com um jogador a menos.

E como ganhar o jogo no mundo das organizações? A palavra-chave parece ser PARTICIPAÇÃO. Para que os objetivos estratégicos sejam alcançados é necessário obter o comprometimento do time, atuando com foco, organização e em um bom clima organizacional. Afinal, quem não participa não se compromete, não é mesmo?

Mas, e você, o que acha? Envie seu comentário neste mesmo espaço ou por intermédio do e-mail contato@kolme.com.br e vamos trocar ideias sobre o tema.

Autor: Roberto Ribeiro

(fevereiro/2018)

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